Fotografia: Thais Lopes |
Sempre houve uma repressão desde
que nasci não era imposta por alguém especificamente, mas era utilizada como
uma forma de manipulação dos meus modos, do meu jeito, da minha pessoa,
querendo moldar em mim uma personalidade que não era realmente minha.
Sempre combati, porém
timidamente, ou melhor, preguiçosamente, um pouco para não deixar triste as
pessoas que amo e que faziam aquilo comigo pensando ser o melhor pra mim. Mesmo
porque, o mesmo havia sido feito com elas, (e elas não tiveram coragem de raciocinar
se era certo ou errado).
Tentei combater melhor isso
dentro de mim, mas essa fórmula de padrão social já estava meio incrustada na minha
mente e foi necessário um exercício muito intenso e constante para poder
retirar.
Quando já estava no caminho final
desse exercício de libertação, cai de novo nas amarras dos padrões, dessa vez
saindo de sob as asas fraternais e entrando nas asas de uma relação heteronormativa,
submissa e fechada. Ao mesmo tempo em que aquilo me incomodava eu não conseguia
me livrar, mesmo me debatendo muito.
Somente depois de muito tempo e
muito sofrimento consegui me livrar novamente.
Hoje sou mais madura e consciente
de tudo que aconteceu... Estou aprendendo ainda, mas agora com lições
profundamente marcadas na minha história.
Voltei ao exercício de
libertação, a minha libertação e também a do outro. Que eu não tenho a
obrigação de sofrer pela felicidade dele, se eu o fizer deverá ser bom pra mim
também, eu preciso de uma recompensa afetiva e moral de estar tão próxima. Estou exercitando o EU, quero ser EU, sem ter
que me espelhar em ninguém, quero ser só EU e pronto, não ter vergonha do que
eu visto ou falo, não ter vergonha do meu corpo ou da forma que eu ajo.
Também na questão afetiva e em
relação a mim mesma, se estou gostando do que estou fazendo, se isso me dá
prazer em fazer e na questão moral, se isso que estou fazendo não vai pesar na
minha consciência, se o que estou fazendo é certo ou errado dentro do meu
julgamento.
Quando eu morrer, quero morrer livre das coisas e das dores
morais dessa vida, meu corpo pode até apodrecer porque é só uma casca, mas
quero levar a riqueza de uma vida liberta.
Elizabete Fernandes
18/06/2013.